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4 motivos para repensar o seu consumo de moda

9.2.18

Foto de: Freestocks.org
 Aqueles que me acompanham há alguns meses já sabem que o consumo de moda e a indústria por trás disso é sempre motivo de muita conversa por aqui, e acredito que assim como eu, vocês também estão se posicionando nesse debate que se torna cada vez mais relevante. Portanto, hoje eu decidi promover uma reflexão sobre o nosso consumo de moda nos tempos atuais através de um post com 4 motivos para repensar o seu consumo de moda.

 Acredito que antes de entrarmos nos nossos 4 motivos, é importante lembrarmos que repensar nossas atitudes não é abrir mão das nossas opiniões ou da nossa identidade. Muitas pessoas sentem uma enorme dificuldade em mudarem de opinião sobre um determinado assunto, porém isto não deveria ocorrer, já que o amadurecimento almejado por todos nós só ocorre através de uma evolução que muitas vezes só é possível por conta da mudança de pensamentos e quebra de preconceitos. Sendo assim, não encare a mudança de opinião como um sinal de fraqueza, mas sim como um sinal de evolução e amadurecimento.

 Ademais, gostaria de já deixar claro que o consumo de moda ao qual eu irei me referir nesta postagem é na verdade o consumo de peças produzidas pelo sistema Fast Fashion, que tem como características a produção, o consumo e o descarte em massa e que precisa ser urgentemente repensado. 
Foto de: Michal Jarmoluk
 Muitas peças possuem uma péssima qualidade. 

 Quando pensamos em um sistema onde tudo é descartado em grandes quantidades, não é preciso muito esforço para chegarmos a conclusão de que isso só é possível porque os produtos produzidos não apresentam uma boa qualidade, afinal de contas, qual o sentido em descartarmos bons produtos? E é justamente ai que mora um dos grandes perigos de se consumir fast fashion, você dificilmente terá peças de boa qualidade, peças como aquelas que seus avós usaram por anos e que hoje ainda são usadas por seus pais ou até mesmo por você (gostaria de mandar um beijão para minha amiga Duda, que é a maior prova de que roupa pode e deve passar de geração em geração, te amo chuchu!).

 Por serem extremamente mais baratas do que as concorrentes, as peças de fast fashion acabam conquistando os consumidores não por seus designs ou pela qualidade que apresentam, mas sim por seus preços, que muitas vezes não chegam a sequer R$49,90. Entretanto, são em situações como essas em que o barato sai caro, pois muitas dessas peças de apenas R$19,99 não permanecer intactas sequer à primeira lavagem, o que acaba levando os consumidores a acreditarem que roupa é um produto descartável.

 Além de tudo isso, as campanhas publicitárias levam a população a acreditar que vale a pena comprar uma peça por apenas R$19,99 simplesmente porque ela custa este valor. Porém, se pararmos para refletir por alguns minutos veremos claramente que esta não é a melhor alternativa, afinal de contas, de que adianta comprar algo barato mas que só poderá ser utilizado no máximo 5 vezes? Não seria melhor investirmos nosso suado dinheiro em peças de qualidade, peças que durem não 5 dias, mas 5 anos? 

Está destruindo o planeta. 

 Um dos principais motivos para repensarmos o nosso consumo de moda é a forma como a industria têxtil está contribuindo para a destruição do nosso planeta. Atualmente existem muitos dados que comprovam o quanto este modelo de produção está impactando negativamente o nosso planeta, e a maior prova disto é saber que a indústria têxtil é a segunda indústria que mais polui o meio ambiente no mundo, perdendo apenas para a indústria petrolífera. Agora me diz: perto do petróleo, uma simples peça de roupa parece até mesmo algo inofensivo, certo? Errado!

 De acordo com uma matéria publicada pela BBC, são usados mais de 70 milhões de barris de petróleo todos os anos para a produção de poliéster, que por sinal demora mais de 200 anos para se decompor. Assustador, não? Pera ai, ainda tem mais. De acordo com o The Guardian, 20% de toda a poluição das águas é produzida pela indústria têxtil, e acreditem, esta é uma porcentagem enorme para uma única indústria. Ademais, vale também ressaltar que só nos Estados Unidos são despejadas 1.2 milhões de toneladas de resíduos têxtil em aterros sanitários por ano.

 Enquanto pagamos R$19,99 por uma simples blusinha, o planeta está pagando um preço muito maior pelo impacto que essas mesmas blusinhas irão causar no meio ambiente. E é através de toda essa reflexão que surgem marcar com ótimos propósitos sustentáveis, criando um sistema que vá na direção oposta ao fast fashion, o Slow Fashion. Em breve estarei compartilhando com vocês o trabalho de algumas marcas incríveis desse segmento.

É "barato".

 Eu sei que este motivo pode parecer banal, mas se pararmos para pensar no porque de este sistema funcionar, o principal motivo é: porque é barato. Dificilmente um sistema de produção e consumo em massa funcionaria se os produtos vendidos não fossem de baixo custo, e é justamente disto que a publicidade se aproveita para nos fazer acreditar que precisamos consumir tudo isto para estarmos "na moda".

 Se existe uma coisa na cultura do brasileiro que me irrita é essa necessidade de que tudo precisa ser barato. Primeiramente, precisamos compreender que algumas coisas não são caras simplesmente porque existe alguém querendo lucrar de maneira desonesta em cima daqueles produtos, portanto é necessário levarmos em consideração que quando uma camisa custa R$150,00 é porque em seu processo foi necessário desembolsar dinheiro para que a matéria prima fosse plantada, cultivada, colhida, lavada, fiada, tingida, costurada, estampada, empacotada, transportada... até chegar nos cabides de uma loja. Sendo assim, não faz o menor sentido uma peça de roupa, por menor que seja a sua qualidade, ser vendida por R$19,99, pois só no processo de cultivo de sua matéria prima já foi gasto muito mais do que isto. #QuemFezMinhasRoupas?

Você nunca estará na moda.

 Quando eu digo que você nunca estará na moda, eu não me refiro à sua capacidade em se vestir de acordo com as tendências, mas sim à sua capacidade de acompanhar essas tendências. Coleções que antes costumavam sair de acordo com as estações, agora saem a cada semana com um tema diferente, fazendo com que o consumir acredite que para estar "na moda" ele precisa adquirir novas peças a cada semana. E sabe qual é a pior parte? Não podemos culpar o consumidor.

 Desde 2014 a indústria da moda vêm produzindo mais de 52 micro-coleções durante um único ano, algo que só evidência a produção em massa dessas peças. Portanto, você nunca estará na moda pelo simples fato de que a indústria da moda é projetada para te fazer sentir "fora de moda" após uma única semana. É por isto que eu digo que não podemos culpar o consumidor, justamente porque a própria indústria o leva a se sentir ultrapassado.

 Ademais, vale sempre lembrar que a nossa moda somos nós quem fazemos. Moda é comunicação, é uma ferramenta para comunicarmos quem somos, o que queremos e no que acreditamos. É uma das maneiras mais eficientes de protesto, e não podemos negar este poder ao banalizá-la como simples peças descartáveis.

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 Acredito que já está mais do que óbvio para todos nós que este sistema denominado fast fashion está impactando negativamente a vida de muitas pessoas e, principalmente, do nosso precioso planeta. Quando repensamos o nosso consumo de moda e passamos a consumir não somente peças, mas também causas, estamos colaborando para um sistema justo e que ao invés de prejudicar, ajuda. 

 Em breve estarei compartilhando com vocês algumas marcas que se preocupam com o impacto que causam no planeta e que possuem ideologias admiráveis. Mas por hora eu gostaria que vocês realmente repensassem a forma como estão consumindo a moda, que vocês reflitam se realmente concordam com tudo isso e se querem colaborar para que este sistema continue atuando da mesma maneira. Na verdade, não somos totalmente responsáveis por tudo isto, mas temos o poder de fazer com que muitas coisas mudem para melhor

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2 comentários

  1. Cara, amei real esse post! Desde que comecei a acompanhar a youtuber Nátaly Neri comecei a ver ela falando um pouco de Fast e Slow Fashion e há pouco tempo comecei a me interessar pelo assunto, então esse post serviu muito pra abrir meus olhos mais ainda, sabe? É complicado isso de não optar pelo mais barato (até porque o nosso bolso agradece, né?) mas com todos esses motivos, é com certeza um assunto a ser pensado melhor e que vai nos ajudar a viver melhor no futuro. Amei mesmo o post!
    Um beijão,
    Gabs | likegabs.blogspot.com ❥

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    Respostas
    1. Oi Gabs,
      Primeiramente obrigado por todo o carinho, fico imensamente feliz que você tenha gostado do post e que ele tenha sido útil pra ti!
      A Nátaly também é uma das minhas maiores fontes de inspiração e conhecimento quanto à debate racial e Slow/Fast Fahion. Uma Youtuber que eu também recomendo muito pra quem está nessa vibe de entender mais sobre uma moda sustentável e tudo mais é a Marieli Mallmann <3
      Você não tem não do quanto eu fico feliz quando vejo pessoas falando que estão mais interessadas por esse assunto e estão procurando cada vez mais informação sobre, isto é essencial para que algumas coisas mude.

      Obrigado pelo visita e espero te ver por aqui mais vezes!

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