Se tem uma série que vai causar polêmica nas redes sociais pelos próximos dias é Dear White People, a nova série da Netflix, lançada em 28/04 e que trás como tema principal o racismo ainda presente na nossa sociedade.
Protagonizado por Logan Browning, como Samantha White, a série se passa em Ivy League Winchester University, um campus norte-americano extremamente tradicional e predominantemente ocupado por alunos brancos. Porém, Sam, assim como todos os seus amigos, não são brancos, e como parte da minoria eles precisam viver com a constante discriminação de serem negros em uma escola "de brancos e para brancos". Porém, diferente do que esperamos (ou pelo menos eu esperava), todos os alunos negros ocupam a mesma casa no campus, e eles dividem-se em vários grupos com causas próprias, o que é muito interessante justamente por mostrar as diversas vertentes que o movimento negro possui.
As coisas saem do controle quando alunos do campus decidem dar uma festa de Dia das Bruxas, onde todos se pintam de negros, o que chamamos de blackface, algo extremamente preconceituoso e desrespeitoso. Com tudo isso, Sam, que é a locutora de um programa na rádio da escola intitulado Dear White People (onde ela defende as causas do seu movimento e luta contra o preconceito) decide liderar um grupo de alunos negros em manifestações que têm como objetivo principal mostrar que o racismo existe sim dentro do campus, e que todos eles são vítimas desta ação preconceituosa.
O mais incrível de tudo isso é que a série tratou tudo isso com humor muito humor e certa leveza, mas sem perder a seriedade ou banalizar o tema. Apesar da Sam ser nossa protagonista, existem outras personagens que são fundamentais para a série, e que tiveram episódios totalmente voltados para si, como o meu querido Lionel, a Coco, o Troy e o Reggie.
Além de abordar o racismo, a série se utiliza dos personagens para mostrar como este tipo de preconceito pode se adequar a realidade de qualquer pessoa, afinal de contas, uma pessoa negra e homossexual não passa pelas mesmas coisas que uma pessoa negra e heterossexual passa, assim como não é fácil você estar à frente de um movimento contra o racismo e namorar uma pessoa branca, ou ter que apoiar o movimento negro quando na verdade você gostaria de ser branco. Conseguem ver como a série ampliou o tema central para diversas situações particulares?
Uma das principais críticas da série é voltada as pessoas que persistem em dizer que racismo não passa de uma bobagem e que mais ninguém é tratado com diferença por causa da sua cor. Como existem pessoas tão ignorantes ao ponto de pensarem assim? Como as pessoas podem esconder seus pertences toda vez que um negro se aproxima ao invés de se revoltarem quanto ao número de jovens negros que são mortos injustamente em diversos países?
Mas não pensem que a série trás críticas somente aos brancos, pelo contrário, eu senti que na maior parte do tempo as críticas foram voltadas justamente aos negros, que se queixam de serem discriminados por sua cor de pele mas que fazem a mesma coisa entre si. Acalmem-se, não estou dizendo nada relacionamento ao famoso e ridículo "racismo inverso", é só que a série também aborda como os negros discriminam eles mesmos. Quer um exemplo? Então pense em como os gays são aceitos entre os negros? Ou como, entre um grupo de negros, uma garota é vista ao namorar com um branquelo. Conseguem entender? Não importa em qual grupo você esteja inserido, sempre à rivalidades e discriminação.
Meu episódio favorito foi sem dúvidas o episódio do Reggie, onde temos a maior prova de que sim, o racismo ainda existe e ele não é somente uma brincadeira ou comentário ofensivo. A prova disso pode ser encontrada em diversas matérias que apontam dados sobre o número de negros nas universidades, ou o número de negro empregados e com cargos altos, ou até mesmo a diferença entre o número de negros e brancos presos em presídios. Ah, e é claro, não podemos se esquecer das famosas cotas, algo que também foi abordado (mais indiretamente do que diretamente) na série, o que nos faz refletir sobre as nossas próprias universidades e oportunidades que temos para ingressar em uma.
Com tudo isso, Dear White People promete ser a nova série da Netflix que irá gerar muitas discussões e que certamente dividirá seus telespectadores, afinal de contas, essa não é uma série produzida para agradar a todos. Ah, e antes que eu termine, Dear White People, já está na hora de parar de fingir que o racismo não existe ou que ele acabou junto com o "fim" da escravidão. E Dear Black People, é hora de irmos à luta.
P.S.: A série têm 10 episódios com uns de 22 minutos e outros de no máximo 35, então larga tudo que você tem pra fazer hoje e vai maratonar agora mesmo.
Protagonizado por Logan Browning, como Samantha White, a série se passa em Ivy League Winchester University, um campus norte-americano extremamente tradicional e predominantemente ocupado por alunos brancos. Porém, Sam, assim como todos os seus amigos, não são brancos, e como parte da minoria eles precisam viver com a constante discriminação de serem negros em uma escola "de brancos e para brancos". Porém, diferente do que esperamos (ou pelo menos eu esperava), todos os alunos negros ocupam a mesma casa no campus, e eles dividem-se em vários grupos com causas próprias, o que é muito interessante justamente por mostrar as diversas vertentes que o movimento negro possui.
As coisas saem do controle quando alunos do campus decidem dar uma festa de Dia das Bruxas, onde todos se pintam de negros, o que chamamos de blackface, algo extremamente preconceituoso e desrespeitoso. Com tudo isso, Sam, que é a locutora de um programa na rádio da escola intitulado Dear White People (onde ela defende as causas do seu movimento e luta contra o preconceito) decide liderar um grupo de alunos negros em manifestações que têm como objetivo principal mostrar que o racismo existe sim dentro do campus, e que todos eles são vítimas desta ação preconceituosa.
O mais incrível de tudo isso é que a série tratou tudo isso com humor muito humor e certa leveza, mas sem perder a seriedade ou banalizar o tema. Apesar da Sam ser nossa protagonista, existem outras personagens que são fundamentais para a série, e que tiveram episódios totalmente voltados para si, como o meu querido Lionel, a Coco, o Troy e o Reggie.
Além de abordar o racismo, a série se utiliza dos personagens para mostrar como este tipo de preconceito pode se adequar a realidade de qualquer pessoa, afinal de contas, uma pessoa negra e homossexual não passa pelas mesmas coisas que uma pessoa negra e heterossexual passa, assim como não é fácil você estar à frente de um movimento contra o racismo e namorar uma pessoa branca, ou ter que apoiar o movimento negro quando na verdade você gostaria de ser branco. Conseguem ver como a série ampliou o tema central para diversas situações particulares?
Uma das principais críticas da série é voltada as pessoas que persistem em dizer que racismo não passa de uma bobagem e que mais ninguém é tratado com diferença por causa da sua cor. Como existem pessoas tão ignorantes ao ponto de pensarem assim? Como as pessoas podem esconder seus pertences toda vez que um negro se aproxima ao invés de se revoltarem quanto ao número de jovens negros que são mortos injustamente em diversos países?
Mas não pensem que a série trás críticas somente aos brancos, pelo contrário, eu senti que na maior parte do tempo as críticas foram voltadas justamente aos negros, que se queixam de serem discriminados por sua cor de pele mas que fazem a mesma coisa entre si. Acalmem-se, não estou dizendo nada relacionamento ao famoso e ridículo "racismo inverso", é só que a série também aborda como os negros discriminam eles mesmos. Quer um exemplo? Então pense em como os gays são aceitos entre os negros? Ou como, entre um grupo de negros, uma garota é vista ao namorar com um branquelo. Conseguem entender? Não importa em qual grupo você esteja inserido, sempre à rivalidades e discriminação.
Meu episódio favorito foi sem dúvidas o episódio do Reggie, onde temos a maior prova de que sim, o racismo ainda existe e ele não é somente uma brincadeira ou comentário ofensivo. A prova disso pode ser encontrada em diversas matérias que apontam dados sobre o número de negros nas universidades, ou o número de negro empregados e com cargos altos, ou até mesmo a diferença entre o número de negros e brancos presos em presídios. Ah, e é claro, não podemos se esquecer das famosas cotas, algo que também foi abordado (mais indiretamente do que diretamente) na série, o que nos faz refletir sobre as nossas próprias universidades e oportunidades que temos para ingressar em uma.
Com tudo isso, Dear White People promete ser a nova série da Netflix que irá gerar muitas discussões e que certamente dividirá seus telespectadores, afinal de contas, essa não é uma série produzida para agradar a todos. Ah, e antes que eu termine, Dear White People, já está na hora de parar de fingir que o racismo não existe ou que ele acabou junto com o "fim" da escravidão. E Dear Black People, é hora de irmos à luta.
P.S.: A série têm 10 episódios com uns de 22 minutos e outros de no máximo 35, então larga tudo que você tem pra fazer hoje e vai maratonar agora mesmo.
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